quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Tenho conta em banco. Logo... existo?

Eu até gostaria que fosse um e-mail de estelionatários, porque esses são fáceis: a gente apaga e acabou.

Neste caso, infelizmente quem quer roubar minhas informações é mesmo o próprio governo brasileiro, através da CVM. Não bastasse o contato do banco anterior, agora veio outro e-mail de um funcionário de outro banco. Esse foi mais longe: a assinatura tem que ser reconhecida em cartório. O cadastro é bem detalhado: endereço (tem até campo para o país onde trabalho), empresa, data de admissão e o meu salário. Oras...

A reincidência de um pedido de provas sobre a minha existência enche-me de medo e apreensão: eles devem ter algum indício - alguma manifestação ou alteração talvez bem identificável na minha assinatura do contrato original, tal qual um Quadro de Dorian Gray - de que nesse período esta ficou mais pálida, opaca... será que a minha atual existência é real? Eu já ouvi falar de fantasmas, assombrações. Mas logo eu?! Psicanalistas, lá vou eu.

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Antes eu achava paranóia francesa essa birra que se têm por aqui com "fichamentos": grande parte da morosidade da burocracia francesa advém de uma resistência ferrenha a qualquer tipo de cadastro centralizado do governo. Foi com base em um desses que se perseguiu minorias durante a Segunda Guerra.

A História mostra que quase tudo no mundo se movimenta em ondas: as bolsas, as economias, as ideologias predominantes... e nessas idas e vindas, um belo dia acordamos de manhã e descobrimos que, sem mudar uma vírgula em nossa existência, tornamo-nos "criminosos". Talvez seja assim que se sentiram os guerreiros tribais afegãos lançados em Guantánamo, taxados como "terroristas". E tudo em nome de uma coisa bonita: "liberdade".

Um comentário:

rafaelgabrielsen disse...
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